quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Cordel de paz

Parei me remoendo
com as coisas que ontem vi
sulista mal dizendo
o nordeste donde eu vim
amigo, meu parceiro
coronel que manda ali

faltou boi e faltou chuva
o que não falta é viúva
a terra já não me dá
o peixe que diz ensinar
não me faltando opção
fui a um santo em construção

caindo de andaimes
repentes retirantes
pendentes ambulantes
sonhos, triste mas pulsante
xaxei e sorri pra ti
pois Brasil também é aqui.

terça-feira, 15 de julho de 2014

Zangiku monogatari (Kenji Mizoguchi,1939)

O que é a glória sem amor?
O que é o amor sem dor?
A arte nos faz sentir vivos!
A vida nos faz sentir arte!

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Ugetsu monogatari (1953, Kenji Mizoguchi)

O que é a ilusão da ambição material e carnal a revelia do quão difícil é viver dentro dessa irrealidade da qual nos aventuramos diariamente, e tantos outros em aventuras ainda tão maiores senão trágicas...homens lutando por seus sonhos e se perdendo neles, mulheres batalhando para apenas continuar vivas dentro da caótica guerra onde homens são bichos que se alimentam da carniça daqueles que ainda vagueiam para encontrar a paz.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Mova

kinema - movimento
a arte primeiramente por imagens
a captar o real ou irreal mundo significante

cinema move-se
a arte coletiva de multiplicar sentidos
som, cor, representação, palavra

cinematógrafo muda-se
talvez por linhas tortas ou talvez loucas
mas nunca só, dependente de alguém ou algo

o movimento é algo assim
não sai do lugar se não tiver quem lhe mova
então mude sua forma de pensar
ou então se mute.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Vi Amor e vi Pássaros

Um tão diferente do outro
o outro tão a mercê do um
realidade ficcionada
loucura cinematizada
tem dor, tem cor, é amor
ácidos, plásticos, pássaros
a água corre
o vento sopra
solidão
abundância
simples
exagero
locação
localização
jaz aqui amor termina em morte
estão aqui pássaros num quadro eterno.

sexta-feira, 14 de março de 2014

o vivo que anda morto

tema arborizante
a cor é azul
peixes voam interestelares
e rosas murcham ao soar das onze
passos dados em falso
e o vento esfria a esquentar
são quase 15 mas já foram mais de trinta
número tão insignificante
mas porque não parar de contar as horas?
já que o tempo sempre vai passar
como passam folhas,
passa a água a borrar

tela tão vibrante
ó amado triste luar

quinta-feira, 6 de março de 2014

engarrafados

é um ônibus com janelas fechadas
é uma noite chuvosa numa grande metrópole
há reflexos de pingos caindo
há reflexos de carros lunares
tem muita gente apertada
tem pouca gente amparada
faz tempo que ele não bate
faz tempo que ela não sente
esses olhos hão de encontra-los outros em um reflexo
essa pele a de esbarrar em uma derrapada inocente
o cabelo, o cheiro a de vir em meio a tanta fumaça
só restará apenas ouvir, já que os fones interrompem
o sabor que isso pode dar.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

rascunho

A seiva bruta é cortada,
dilacerada pro chão cobrir

a água corrente sujada
para as fezes por ali seguir

e o ar?
não o quero respirar
condiciono-o
eis forma plural!

o pensamento virtualizado,
viralizado, conceitual

a escola ensinará o não!
não protestarás
nem diferenciarás
muito menos se equivocarás

arararás o resumo
diluição de conhecimento
refação do emburrecimento
retração do desprendimento

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

a falta

a falta é aquilo que lhe é retirado
ou pela força ou pelo destino
os dois ou todos são violentos
assim como o amor
assim como o vento
a passagem já está comprada
só não sei pra quando
mas sei pra onde
o sangue tem disso
ele fala, ele esquenta,
ele transporta o que deve ser transportado
alimentando o que deve ser alimentado
eu parti o meu e provavelmente o seu
mas você só uniu, só fez e faz mais sentido
quando eu penso em amanhã
não penso nele sem você.